quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Primeiro encontro - apontamentos

Quando alguém é confrontado com a necessidade de definir “Catequese de adultos”, muitas vezes ela é descrita com uma abrangência algo parca. E, talvez mais grave, ela é compreendida nos moldes da catequese de infância ou adolescência, com os mesmos objectivos e métodos de trabalho.
Assim, quando falamos em catequese de adultos, podemos abrir os horizontes para a vermos como: 1) Catecumenado; 2) Formação permanente; 3) Formação de Aprofundamento; 4) Formação Eventual; 5) Catequese do recomeçar.

No que concerne ao itinerário do catecumenado, todo ele se encontra explicitado no RICA. Trata-se de um percurso gradativo, com várias fases e momentos próprios, e que pode terminar após três anos. Durante este período, o candidato tem oportunidade de ser introduzido nos princípios que orientam o cristianismo, através de várias catequeses, e ainda de fazer a experiência de comunidade.

No âmbito da formação permanente, ela concretiza-se em várias dimensões. Numa perspectiva pastoral, a homília dominical surge como um momento fundamental. Na verdade, toda a liturgia, ao mesmo tempo que é celebrada, poderá também ela ser escola de formação. A par das homilias, surgem outras circunstâncias: os tríduos, pregações ou ainda a valorização dos tempos fortes na liturgia, mormente o advento e a quaresma. Por fim, podemos ainda olhar para encontros periódicos de formação como fazendo parte deste tipo de formação.

A formação de aprofundamento concretiza-se em acções de formação como cursos bíblicos, cursos de teologia ou teológico-pastoral, etc. O mesmo é dizer que se trata de uma formação mais prolongada no tempo.

A formação eventual ocorre principalmente enquanto preparação prévia de sacramentos ou celebrações. Em termos pastorais, este tipo de formação acaba por ser o mais recorrente, principalmente nas formações prévias para o matrimónio e baptismo. Há, contudo, ainda outras ocasiões que podem ser exploradas: preparação para o sacramento da reconciliação ou ainda para a unção dos enfermos.

A catequese do recomeçar é aquela catequese de adultos destinada àqueles que tendo tido parte ou na totalidade da iniciação cristã na infância e adolescência, se afastaram e viveram como pagãos. Por qualquer motivo, querem viver de novo a adesão a Jesus Cristo, e com os quais é preciso fazer como que um catecumenado, sem ignorar os sacrametnos que já celebraram.

Quando olhamos para a realidade do mundo, de facto parece pertinente e necessário apostar na catequese de adultos. A Igreja vive uma nova realidade ao deparar-se com o crescente número de cristãos baptizados na infância e que, por múltiplas razões, se afastaram da Igreja. Posteriormente, por alguma razão, decidem voltar à comunidade e pedem-lhe ajuda para recomeçaram um novo itinerário de fé.
Isto implica ter agentes de pastoral qualificados para lidar com esta nova realidade, implica a existência de catequistas com métodos adequados e uma proposta de itinerário de fé adequado à nova realidade.
De facto, os documentos da Igreja reflectem muito sobre a catequese de adultos, mas os problemas que tantas vezes surgem nos encontros com os catequistas prendem-se com a infância ou adolescência. O mesmo é dizer que a reflexão e as linhas de acção propostas nos documentos não encontram eco na realidade.
Outra proposta no âmbito da catequese de adultos seria a da catequese intergeracional. Sendo que, na realidade, a catequese em Portugal encontra-se focada essencialmente para a infância e juventude, a catequese em família seria uma proposta para envolver os mais velhos. Ora, neste tipo de catequese, toda a família faz catequese, não só as crianças ou jovens. O itinerário seguido é o itinerário litúrgico porque é o único que congrega toda a família em terno de um tema comum. Assim, vai-se falando, agindo e comprometendo ao ritmo do Domingo. E quando alguém se sentir preparado, então propõe-se para os sacramentos.
De tudo quanto foi dito, importa realçar que é cada vez mais necessário abrir horizontes quando se fala em catequese de adultos. Ela segue um itinerário diferente do das crianças e com métodos diferentes (andragogia).


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